terça-feira, 15 de setembro de 2009

Paradinha Literária : Olavo Bilac.

A BORBOLETA
Trazendo uma borboleta,
Volta Alfredo para casa.
Como é linda! é toda preta,
Com listas douradas na asa.
Tonta, nas mãos de criança,
Batendo as asas, num susto,
Quer fugir, porfia, cansa,
E treme, e respira a custo.
Contente, o menino grita:
“É a primeira que apanho,
Mamãe!vê como é bonita!
Que cores e que tamanho!
Como voava no mato!
Vou sem demora pregá-la
Por baixo do meu retrato,
Numa parede da sala.”
Mas a mamãe, com carinho,
Lhe diz: “Que mal te fazia,
Meu filho, esse animazinho,
Que livre e alegre vivia?
Solta essa pobre coitada!
Larga-lhe as asas, Alfredo!
Vê como treme assustada...
Vê como treme de medo...
Para sem pena espetá-la
Numa parede, menino,
É necessário matá-la:
Queres ser um assassino?”
Pensa Alfredo... E, de repente,
Solta a borboleta... E ela
Abre as asas livremente,
E foge pela janela.
“Assim, meu filho! perdeste
A borboleta dourada,
Porém na estima crescente
De tua mãe adorada...
Que cada um cumpra a sorte
Das mãos de Deus recebida:
Pois só pode dar a Morte
Aquele que dá a Vida.”

Olavo Bilac, poeta brasileiro, autor do Hino à Bandeira Nacional, membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros pela revista em 1907. Escreveu algumas obras infantis centradas na ideia de civismo, numa missão formadora e patriótica para as crianças. Seu volume de Poesias Infantis é uma coleção de 58 poemas falando sobre a natureza e a virtude. Segundo suas próprias palavras, "era preciso achar assuntos simples, humanos, naturais, que, fugindo da banalidade, não fossem também fatigar o cérebro do pequenino leitor, exigindo dele uma reflexão demorada e profunda".

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